O Disgaea 3: Absence of Detention chegou ao PS Vita como uma versão expandida do terceiro título da franquia, originalmente lançado para PS3.
Desenvolvido pela Nippon Ichi Software e distribuído pela NIS America em 2012, o jogo manteve a proposta irreverente e profundamente estratégica que caracteriza a série.
Como fã de RPGs e curtir os jogos da franquia, apesar de só ter jogado o 1 e 2, e só terminado o segundo, decidi avançar nos jogos da franquia.
Ao longo deste artigo, compartilho minha experiência pessoal com o jogo, detalho seus sistemas e narrativa, além de dizer se vale ou não a pena jogar ele ainda nesses dias atuais.
Um breve contexto
Minha história com os jogos da Nippon começou no PlayStation 2, com o Soul Nomad & The World Eaters. Lembro que foi um dos primeiros jogos que peguei com o console, sem conhecer nada da franquia, mas convencido pela capa do jogo.
Apesar disso, não consegui progredir tanto quanto gostaria no jogo, por falta de capacidade minha mesmo rs. Atualmente o jogo está disponível na Steam e penso em voltar a ele em algum momento.
Já em relação ao Disgaea, minha jornada com ele começou no PSP, onde experimentei os dois primeiros jogos da franquia. Zerei o segundo, curtindo a combinação de humor irreverente do jogo e uma jogabilidade que exige tanto raciocínio quanto paciência.
Sempre gostei de RPGs que premiam o jogador que se dedica a evoluir personagens, e Disgaea entrega isso com maestria. Apesar de eu não ser um exemplo de jogador que chegou ao nível que o jogo exige.
O terceiro jogo, agora com conteúdo extra no PS Vita, parecia ser o prato cheio que eu procurava. A promessa de novos personagens, novos cenários e melhorias nas mecânicas me animou, e mergulhei de cabeça na Evil Academy.
História e trama do Disgaea 3: Absence of Detention
A narrativa de Disgaea 3 se passa na Evil Academy, uma escola demoníaca onde tudo é invertido: faltar às aulas é sinal de bom comportamento, e quem estuda é considerado um delinquente. O protagonista, Mao, é o filho do poderoso Overlord e nunca foi a uma aula sequer. Seu objetivo? Derrotar o próprio pai depois que ele destruiu seu videogame favorito (justo?). A motivação absurda já mostra o tom do jogo, que brinca com clichês do gênero e subverte expectativas.
Mao decide que, para vencer seu pai, precisa se tornar um herói. Em uma reviravolta, ele “rouba” esse papel de Almaz, um herói humano que acaba virando demônio. A partir disso, a narrativa se desenvolve em torno da busca de Mao por desbloquear seu “coração verdadeiro” e se tornar forte o suficiente para derrotar o Overlord.
Durante essa jornada, ele se depara com o misterioso “porteiro” do Heart Vault (uma versão verde do próprio Mao), enfrenta manipulações do seu mordomo Geoffrey, e precisa decidir se usará ou não todo o seu poder para destruir o mundo.
Apesar do tom cômico, o enredo de Disgaea 3 também apresenta conflitos mais sérios e momentos de dúvida que aprofundam o desenvolvimento dos personagens.
O jogo ainda conta com conteúdo adicional após o final, como o modo Raspberyl, que amplia a história com novos cenários e reinterpretações dos eventos principais. Esse modo, confesso, não cheguei a explorar.

O bom humor dos jogos da franquia Disgaea
Se há algo que diferencia Disgaea de outros RPGs táticos é seu humor. A franquia não tem medo de rir de si mesma ou de suas mecânicas.
Em Disgaea 3, esse aspecto está ainda mais evidente: os personagens fazem piadas sobre o próprio grind absurdo do jogo, comentam as regras malucas da escola demoníaca e fazem referências a clichês de anime e videogame com naturalidade.
Mao, por exemplo, acredita que virar herói é uma questão puramente acadêmica, e trata sua missão como se estivesse estudando para uma prova.
Esse humor quebra a monotonia de longas sessões de jogo, torna os personagens mais carismáticos e é um dos motivos que me fez gostar da franquia. Mesmo quando a narrativa não está avançando, os diálogos garantem entretenimento, com situações absurdas, quebra da quarta parede e dinamismo nos relacionamentos entre os protagonistas.

Personagens e suas personalidades
Os personagens de Disgaea 3 são diversos, exagerados e memoráveis.
- Mao é obcecado por poder e completamente antissocial, mas no fundo busca reconhecimento.
- Almaz, o “herói” que vira demônio, é desajeitado, corajoso e incrivelmente persistente. Sua relação com Mao mistura rivalidade e cumplicidade, e é um dos pontos altos da narrativa.
- Raspberyl, por sua vez, é uma delinquente exemplar, o que, no contexto do jogo, significa que é estudiosa e educada. Sua presença funciona como um contraponto ao comportamento de Mao e adiciona uma dose extra de sarcasmo e energia.
- Geoffrey, o mordomo, começa como um aliado fiel, mas sua verdadeira identidade como Aurum adiciona tensão e profundidade ao enredo.
Além desses, há personagens secundários e DLCs do PS Vita que adicionam ainda mais variedade ao elenco. Rutile e Stella, por exemplo, ampliam o universo da academia e trazem suas próprias histórias paralelas, tornando o mundo do jogo mais rico.

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Características do jogo e seus diferenciais
Disgaea 3 segue a estrutura clássica de RPG tático em grind, com batalhas por turno em mapas isométricos. Porém, o que o diferencia é a profundidade de suas mecânicas.
Cada movimento pode ser otimizado com posicionamento, ataques em equipe e uso de blocos especiais chamados Geo Panels. Esses blocos alteram o campo de batalha, oferecendo bônus ou penalidades dependendo da cor e do tipo.
O sistema de Lift & Throw permite que personagens arremessem aliados ou inimigos para alcançar lugares distantes ou montar estratégias criativas. Já as Team Attacks oferecem vantagens imediatas, ativados automaticamente quando aliados estão lado a lado e atacam o mesmo inimigo.
Outros elementos como Magichange (transformar monstros aliados em armas temporárias) e as Evilities (habilidades passivas que personalizam personagens) adicionam uma camada de profundidade que recompensa quem gosta de experimentar diferentes formações e combinações.
E com o sistema de Clubs e Homeroom, é possível moldar as regras da academia, incluindo quais lojas estão disponíveis, quais classes podem ser acessadas e muito mais.

A evolução obsessiva e Item World
O Item World é um dos pilares da franquia. Cada item pode ser explorado internamente como uma dungeon gerada aleatoriamente, com dezenas de andares que oferecem batalhas e recompensas.
Ao limpar esses andares, o item equipado se torna mais poderoso. Parece simples, mas a profundidade é tamanha que é possível passar mais tempo no Item World do que na campanha principal. Na verdade, dependendo do seu objetivo, é bem provável que passe mais tempo lá do que em qualquer outro lugar do jogo.
Essa mecânica alimenta o lado mais obsessivo do jogador de RPG. É possível planejar rotas de evolução, capturar inimigos raros, manipular estatísticas e maximizar cada detalhe.
Para mim, é ali que o jogo realmente mostra a sua cara, embora seja também onde ele mais exige paciência. Há um prazer inegável em ver aquele item comum se tornar uma arma lendária após horas de empenho. Mas também pode ser uma armadilha que te leve a enjoar do jogo.
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Mas afinal, vale ou não a pena?
Disgaea 3: Absence of Detention é um jogo para um público específico, mas muito fiel. Se você é apaixonado por RPGs táticos, gosta de evoluir personagens e não se importa com grind excessivo, o jogo oferece centenas de horas de conteúdo. A narrativa, embora maluca, é surpreendentemente consistente e cheia de momentos memoráveis.
Por outro lado, se você prefere campanhas mais objetivas ou jogos com progressão linear, talvez se frustre com a quantidade de sistemas, menus e possibilidades. Disgaea é sobre explorar, repetir, otimizar e rir no processo. Nesse sentido, é uma experiência não apenas de combate, mas também de gestão e paciência.
Conclusão
Disgaea 3 manteve viva a essência da franquia. Sua história cativante, personagens carismáticos e sistema de combate incrivelmente profundo fazem dele uma experiência rica para quem aprecia RPGs que exigem dedicação.
Ainda que nem todos se encantem com seu estilo exagerado, aqueles que se conectarem com sua proposta encontrarão aqui um dos jogos mais completos do gênero.
E infelizmente, diferente dos demais Disgaea, que estão disponíveis na Steam, o terceiro jogo permanece preso ao PS Vita e PlayStation 3. Quem sabe mais para frente ele surja.
E você? Já jogou algum Disgaea? Compartilhe sua experiência nos comentários e vamos trocar ideias sobre esse clássico do RPG tático.
Apenas mais um gamer que gosta de se aventurar nas histórias e registrar o seu caminho nessa jornada.