A evolução dos jogos de mundo aberto: da simplicidade ao realismo

Os jogos de mundo aberto estão entre os gêneros mais populares da indústria dos games. Eles oferecem liberdade para explorar vastos cenários, seguir diferentes caminhos na história e interagir com o ambiente de maneiras inovadoras.

Mas como chegamos aos jogos imersivos e ricos em detalhes de hoje?

A evolução desse gênero foi marcada por avanços tecnológicos, mudanças de design e experiências cada vez mais envolventes. Desde os primeiros experimentos rudimentares até os gigantescos mundos virtuais de hoje, os jogos de mundo aberto passaram por transformações impressionantes.

Nesse texto, irei explorar essa trajetória, desde os primeiros títulos até as obras-primas modernas como Grand Theft Auto V, The Witcher 3 e The Legend of Zelda: Breath of the Wild, destacando como cada era contribuiu para a consolidação desse estilo de jogo.

Os primórdios dos jogos de mundo aberto (1970-1980)

Nos anos 70 e 80, o conceito de mundo aberto ainda era algo abstrato, mas já começava a ser experimentado por desenvolvedores visionários.

O hardware extremamente limitado da época impedia grandes avanços, mas alguns jogos ousaram explorar a ideia de dar liberdade ao jogador.

Adventure (1980)

Lançado para o Atari 2600, Adventure foi um dos primeiros jogos a apresentar um mundo interconectado onde o jogador podia se mover livremente entre diferentes áreas.

Inspirado nos jogos de texto de aventura, ele foi pioneiro ao introduzir um mapa não linear, incentivando a exploração e a resolução de quebra-cabeças para avançar na jornada. Embora graficamente rudimentar, seu impacto na indústria foi gigantesco.

Jogo Adventure de Atari 2600
Adventure – Atari 2600. Fonte: csanyk.com

Ultima (1981)

A série Ultima, criada por Richard Garriott, ajudou a estabelecer os fundamentos dos RPGs de mundo aberto.

O primeiro jogo, Ultima I: The First Age of Darkness, permitia ao jogador viajar livremente por um mundo de fantasia, visitando cidades, explorando masmorras e interagindo com NPCs.

Esse conceito evoluiu ainda mais nos títulos seguintes, influenciando diretamente franquias modernas como The Elder Scrolls.

Jogo Ultima
Ultima. Fonte: lemon64

Elite (1984)

Elite levou a ideia de mundo aberto para o espaço sideral. Esse jogo de simulação espacial oferecia um universo vasto e proceduralmente gerado, onde o jogador podia viajar entre planetas, negociar mercadorias, combater piratas e explorar livremente.

Era uma experiência incrivelmente ambiciosa para a época, e sua influência pode ser sentida em jogos modernos como No Man’s Sky e Star Citizen.

Esses primeiros experimentos mostraram que o conceito de mundo aberto tinha um enorme potencial, abrindo o caminho para as evoluções que viriam nas décadas seguintes.

Jogo Elite de 1984
Jogo Elite. Fonte: wikipedia

A expansão e a inovação nos anos 1990

Nos anos 90, os avanços tecnológicos permitiram que os jogos de mundo aberto se tornassem mais complexos e detalhados.

The Legend of Zelda: A Link to the Past (1991) trouxe um mundo vasto e interconectado no Super Nintendo, com segredos escondidos e missões secundárias.

Em 1996, The Elder Scrolls II: Daggerfall deu um passo gigantesco para o gênero ao oferecer um mundo gigantesco e gerado proceduralmente, com centenas de cidades e questlines diversas.

Mas foi no final da década que Grand Theft Auto (1997) trouxe um novo nível de liberdade, permitindo que os jogadores explorassem uma cidade virtual sem barreiras e causassem caos à vontade.


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A revolução 3D e a consolidação do gênero (2000 em diante)

A virada do milênio trouxe consigo o amadurecimento dos jogos de mundo aberto. A chegada dos consoles da sexta geração, como PlayStation 2, Xbox e Game Cube, permitiu mundos mais ricos e detalhados, enquanto o avanço das tecnologias gráficas e de inteligência artificial trouxe novas possibilidades.

Grand Theft Auto III (2001)

GTA III foi um divisor de águas para a indústria dos games. Pela primeira vez, um jogo de ação em terceira pessoa combinava narrativa cinematográfica, jogabilidade emergente e um mundo aberto totalmente tridimensional.

A cidade de Liberty City era vibrante e cheia de possibilidades: o jogador podia seguir a história principal ou simplesmente explorar, roubar carros, interagir com NPCs e realizar atividades paralelas. A fórmula criada pela Rockstar se tornou a base para inúmeros outros jogos do gênero.

GTA 3
GTA 3. Fonte: Rockstar Games

The Elder Scrolls III: Morrowind (2002)

Ao contrário de muitos RPGs da época, Morrowind oferecia uma liberdade quase absoluta ao jogador.

O jogo não guiava diretamente para uma missão específica, permitindo que cada um criasse sua própria história ao explorar a ilha de Vvardenfell.

Com um mundo detalhado, uma extensa lore e um sistema de progressão único, Morrowind ajudou a solidificar a franquia The Elder Scrolls como um dos pilares do gênero.

The Elder Scrolls 3: Morrowind. Fonte: steam

The Legend of Zelda: The Wind Waker (2002)

Com um visual cel-shaded, The Wind Waker trouxe uma abordagem diferente para a exploração de mundo aberto, focando em um vasto oceano e ilhas dispersas.

Navegar pelos mares era uma experiência única, com segredos ocultos, combate naval e um sistema de vento que influenciava diretamente a jogabilidade.

O jogo demonstrou que um mundo aberto não precisava ser apenas terra firme para ser envolvente.

Gameplay do jogo The Legend of Zelda: The Wind Waker
The Legend of Zelda: The Wind Waker. Fonte: the enemy

The Witcher 3: Wild Hunt (2015)

Um dos RPGs mais aclamados de todos os tempos, The Witcher 3 elevou os padrões de narrativa e construção de mundo aberto.

A CD Projekt Red criou um universo detalhado, onde cada vila, floresta e cidade parecia viva. O jogo se destacou pelo realismo das interações, pelo sistema de escolhas e consequências e pelas missões secundárias que eram tão bem trabalhadas quanto a história principal.

Além disso, o combate refinado e a ambientação imersiva fizeram dele um marco no gênero e que pretendo revisitar mais uma vez, mas agora com as novas melhorias feitas pela CD Projekt.

Jogo de mundo aberto The Witcher 3: Wild Hunt
The Witcher 3: Wild Hunt. Fonte: steam

Red Dead Redemption 2 (2018)

Se GTA V mostrou o potencial dos mundos abertos urbanos, Red Dead Redemption 2 elevou a imersão para um novo patamar.

A Rockstar criou um Velho Oeste incrivelmente detalhado, onde cada NPC seguia uma rotina própria, os animais reagiam ao ambiente e o jogador precisava cuidar do protagonista Arthur Morgan, desde sua alimentação até o crescimento da barba.

O nível de realismo e profundidade fez com que o jogo fosse considerado um dos mais impressionantes já criados.

Ainda preciso tirar um tempo para colocar Red Dead em dia e resolver essa lacuna em minha jornada gamer.

Jogo de mundo aberto Red Dead Redemption 2
Red Dead Redemption 2. Fonte: techtudo

O futuro dos jogos de mundo aberto

Com o avanço das tecnologias, os jogos de mundo aberto estão cada vez mais dinâmicos e realistas. Algumas tendências para o futuro incluem:

  • Mundos mais responsivos: jogos como Cyberpunk 2077 já demonstram um grande esforço para criar cidades vivas, e a tendência é que futuros títulos tenham NPCs e eventos que reagem de maneira ainda mais realista às ações do jogador;
  • Realidade virtual e aumentada: com VR se tornando mais refinado, a experiência de explorar um mundo aberto pode ser levada a um novo nível;
  • Inteligência artificial aprimorada: NPCs mais inteligentes, que interagem e se adaptam às decisões do jogador, podem transformar os mundos abertos em ambientes ainda mais imersivos.

Jogos como Starfield e The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom já estão explorando novas formas de criar mundos abertos inovadores.

No caso do Starfield, há a aposta em um vasto universo explorável, permitindo que os jogadores viajem entre planetas, personalizem suas naves e descubram colônias com narrativas emergentes. Já no Tears of the Kingdom, a inovação está em introduzir mecânicas de fusão e construção, dando aos jogadores novas maneiras de interagir e modificar o mundo ao seu redor.

Essas abordagens demonstram como o futuro dos mundos abertos será cada vez mais interativo, dinâmico e surpreendente.


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Considerações finais

Os jogos de mundo aberto percorreram um longo caminho, saindo de simples pixels conectados até vastos mundos hiper-realistas.

Com a evolução contínua da tecnologia, podemos esperar que esse gênero continue crescendo, oferecendo experiências cada vez mais ricas e imersivas.

E para você, quais são os melhores jogos de mundo aberto? Compartilhe sua opinião!

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